segunda-feira, 15 de novembro de 2010

RIO BONITO DO IGUAÇU (TRAJETÓRIA HISTÓRICA A PARTIR DE 1940)

RIO BONITO DO IGUAÇU - TRAJETÓRIA HISTÓRICA A PARTIR DE 1940
Inês Galera

O período de 1940 a 1960 foi marcado por intenso extrativismo vegetal de madeira de lei para beneficiamento nas indústrias de móveis das cidades ou para exportação. Devido a grande abundância de Pinheiro do Paraná, cedro, angico, canela, ipê, monjoleiros e outras, instalaram-se na região inúmeras serrarias.

A população trabalhadora na sua maioria era constituída por empregados das serrarias e por pequenos proprietários rurais que venderam as madeiras, foram explorados e continuaram sem auxílio, com pouco ou nenhum recurso, morando em casebres e com dependência dos órgãos públicos.

As matas eram derrubadas e as árvores puxadas em carros de boi por picadões, passando por pontes, até chegar aos caminhões, então era feito o transporte até as serrarias e as madeiras eram desdobradas para exportação e também construção de casas, conforme verificamos nas fotografias a seguir.

Após intenso trabalho de exportação da maioria das madeiras existentes, os donos das serrarias transferiram suas atividades para outras regiões, dando continuidade ao desmatamento em outros locais. As riquezas produzidas pelas indústrias madeireiras também foram destinadas a outras regiões.

Com a exploração de madeira e em conseqüência o aumento da população, estabeleceu-se a primeira casa comercial em Rio Bonito na década de 1940, do Senhor Inácio Patrício de Matos, que trazia mantimentos de Guarapuava em carroções puxados por bois e revendia às famílias de Rio Bonito.
Não havia igreja no lugar, cada família fazia suas orações em casa, só mais tarde os moradores resolveram edificar a primeira capela, com seus próprios materiais e mão de obra.

O Território do Iguaçu foi extinto em 1946 e sua capital, a cidade de Iguaçu por força de Lei passou a categoria de Município em 30 de novembro de 1946, denominando-se Laranjeiras do Sul e Rio Bonito era apenas um povoado.

Em 1951, na administração do Prefeito de Laranjeiras do Sul, Sr. Alcindo Natel de Camargo, a comunidade de Rio Bonito foi elevada à categoria de Distrito. Em 1958, o Distrito de Rio Bonito passa a ter representatividade política na Câmara de Vereadores de Laranjeiras do Sul, na pessoa do Senhor Heitor Safraider.

A diversão principal na época era ouvir rádio de pilha, que nem todas as famílias possuíam. O rádio era a única fonte de informação, com o programa “A Voz do Brasil” e também proporcionava momentos de lazer e entretenimento, ouvindo programas na madrugada, sendo o principal “Teixeirinha amanhece cantando”.

Na década de 60 a região era explorada por safristas , os quais faziam a derrubada da mata para plantar milho e colocavam suínos para a engorda, que eram comercializados em Ponta Grossa (Município paranaense).
A partir deste ano começou o plantio intensivo e a comercialização de produtos agrícolas, que até então só eram usados para a subsistência.

Nesta época a população de Rio Bonito era composta por migrações de várias famílias vindas principalmente do Sul do país em busca de terras mais produtivas e apropriadas para a agricultura mecanizada , avançando significativamente. Estas famílias eram na maioria de descendência européia (alemã, polonesa e italiana), diversificando assim, a composição étnica da população.

Na década de 1970 iniciou-se a mecanização agrícola nesta terra, multiplicando assim a produção. O grande número de famílias vindas principalmente do Rio Grande do Sul em busca de uma vida melhor, dedicavam-se ao plantio de soja, arroz, feijão, milho, mandioca e gados de leite e corte. Derrubavam as matas, destocavam os terrenos e formavam as lavouras, usando ferramentas manuais, bois na canga e arado para realizar os trabalhos. Os vizinhos se ajudavam, fazendo mutirões para render mais o trabalho.

Os primeiros imigrantes que vieram compor a etnia do município foram brasileiros caboclos, mesclando-se aos indígenas nativos. Mais tarde vieram imigrantes, descendentes de italianos, alemães, poloneses, ucranianos e outros, provenientes na sua maioria do Rio Grande do Sul.

Aos poucos a vida das pessoas foi se transformando. A rotina pacata, onde produziam apenas para subsistência e comercializada apenas o excedente foi se modificando. Rio Bonito transformou-se: da pequena propriedade a grande, da diversificação agrícola a monocultura, do arado de boi ao trator, da enxada ao agrotóxico, da vida calma a agitação em busca de capital. Esta rápida modificação na estrutura de produção agrícola de Rio Bonito provocou reflexos imediatos nas pessoas: aumento da produtividade em monoculturas para atender a política de exportação do governo e em conseqüência problemas sociais de desemprego, êxodo rural e muitos outros.

A modernização da agricultura sem planejamento anterior para mão de obra do trabalhador rural, à medida que esta foi sendo substituída pela máquina (tratores, colheitadeiras) gerou problemas sociais, principalmente desemprego das pessoas mais carentes, que vendiam sua mão de obra para manutenção da família por um salário baixo. Algumas dessas famílias vieram para a cidade para sobreviver de “bicos” e trabalhos temporários.

Atualmente a população de Rio Bonito do Iguaçu é composta por pessoas das mais diversas origens, que desde o início do século vieram de vários locais e depois de 1996 pela ocupação e formação do assentamento de 1501 famílias no projeto de reforma agrária do Governo Federal – INCRA, na Fazenda Giacomet Marodim, formando os Assentamentos Ireno Alves dos Santos, e Assentamento Marcos Freire, na antiga localidade de Pinhal Ralo.

REFERÊNCIA
GALERA, inês. RIO BONITO DO IGUAÇU: UM RIO DE HISTÓRIAS. Editora Xagu. Rio Bonito do Iguaçu PR. 2009.

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